Pesquisas recentes realizadas com brasileiros mostra o efeito da alimentação na Saúde Mental.
Como o que você come afeta seu cérebro e suas emoções?
Você já parou para pensar que aquilo que está no seu prato pode estar influenciando seu humor, sua memória e até sua disposição diária? Cada vez mais pesquisas demonstram que a alimentação vai muito além da nutrição física — ela tem um impacto profundo na nossa saúde mental.
Estudos recentes revelam que o consumo frequente de alimentos ultraprocessados está associado ao aumento do risco de depressão, ao declínio cognitivo acelerado e a sintomas depressivos mais intensos. E se a alimentação influencia diretamente o funcionamento do nosso cérebro, então mudar nossos hábitos alimentares pode ser um passo essencial para melhorar nossa saúde mental e emocional.
Mas sabemos que simplesmente saber o que é saudável nem sempre é suficiente para mudar de comportamento. A psicoterapia, especialmente a abordagem cognitivo-comportamental (TCC), pode ser uma grande aliada nesse processo, para que você consiga colocar em prática aquilo que sabe que precisa fazer.
O impacto dos ultraprocessados na saúde mental:
Um estudo publicado no JAMA Neurology acompanhou 10.775 adultos brasileiros por oito anos e revelou que aqueles que consumiam mais de 20% de suas calorias diárias em alimentos ultraprocessados tiveram um declínio 28% mais rápido na cognição global e 25% mais rápido nas funções executivas.
Isso significa que uma alimentação rica em produtos industrializados, como refrigerantes, salgadinhos, refeições congeladas e biscoitos recheados, pode prejudicar sua capacidade de memória, aprendizado e tomada de decisões ao longo dos anos.
Além disso, um estudo conduzido pela Faculdade de Medicina da USP analisou os hábitos alimentares de 13 mil brasileiros e descobriu que aqueles que mais consumiam ultraprocessados tinham maior incidência de depressão persistente. Por outro lado, substituir apenas 5% desses alimentos por opções naturais e minimamente processadas reduziu a incidência de depressão em até 22%.
Outra pesquisa, realizada pelo Nupens/USP, encontrou um risco 42% maior de desenvolver sintomas depressivos moderados a severos entre aqueles que consumiam mais ultraprocessados.
Mas por que isso acontece?
A relação entre alimentação e funcionamento do cérebro:
De acordo com esses estudos, alimentos ultraprocessados contêm uma série de aditivos, como corantes, conservantes, emulsificantes e realçadores de sabor, que afetam a microbiota intestinal. Nosso intestino é responsável pela produção de neurotransmissores essenciais para o bem-estar, como a serotonina e a dopamina. Quando essa microbiota é alterada, há um impacto direto na regulação do humor, na ansiedade e na disposição mental.
Além disso, esses alimentos favorecem a inflamação crônica no organismo, incluindo o cérebro. Esse processo inflamatório está associado ao aumento dos níveis de cortisol, o hormônio do estresse, e ao comprometimento das funções cognitivas e emocionais.
Ou seja, o que você come tem um impacto real na sua saúde mental e emocional. Mas se mudar a alimentação fosse tão simples quanto saber o que faz bem e o que faz mal, ninguém teria dificuldades para adotar hábitos mais saudáveis.
E é aqui que entra a importância da psicoterapia no processo de mudança.
A psicoterapia cognitivo-comportamental como aliada na mudança de hábitos:
Se você já tentou mudar sua alimentação antes e sentiu dificuldade em manter um estilo de vida mais saudável, saiba que isso não tem a ver apenas com força de vontade. Há padrões de pensamento, emoções e comportamentos aprendidos ao longo da vida que influenciam diretamente suas escolhas alimentares.
A abordagem cognitivo-comportamental ajuda a identificar e modificar crenças e hábitos desadaptativos, promovendo uma relação mais consciente e equilibrada com a comida.
Por meio da TCC, é possível:
- Compreender os gatilhos emocionais que levam ao consumo de ultraprocessados;
- Desenvolver estratégias para lidar com a ansiedade e o estresse sem recorrer à comida;
- Reestruturar pensamentos sabotadores que dificultam a adoção de hábitos saudáveis;
- Desenvolver um plano de ação focado em mudança de hábitos;
- Aumentar a motivação para a mudança de hábitos;
- Construir uma alimentação alinhada aos seus valores e ao estilo de vida que você deseja ter.
Mudar a alimentação não é só uma questão de disciplina, mas de mudança de mentalidade. E quando você aprende a transformar sua relação com a comida, o impacto positivo se estende para todas as áreas da sua vida.
Se você sente que precisa de ajuda para mudar seus hábitos de forma definitiva, sem dietas restritivas ou padrões impossíveis de seguir, a psicoterapia pode ser o caminho que faltava para você.
Agende uma consulta e descubra como alinhar sua alimentação, sua saúde mental e seu estilo de vida aos seus valores e objetivos.
Fontes:
• Gonçalves, N. S., Andrade, P.A., Riguete, D. P., Souza, J. D., Cardoso, L. O., & Levy, R. B. (2022). Association Between Ultraprocessed Food Consumption and Cognitive Decline in the Brazilian Longitudinal Study of Adult Health. JAMA Neurology, 80(2), 144-153.
• Oliveira, L. E. G., Baraldi, L. G., Steele, E. M., Rauber, F., & Monteiro, C. A. (2023). Consumo de alimentos ultraprocessados e sintomas depressivos em adultos brasileiros: Evidências do estudo Nutrinet Brasil. Jornal da USP.
• Universidade de São Paulo, Faculdade de Medicina. (2023). Alimentação e saúde mental: estudo revela impactos dos ultraprocessados na depressão persistente. USP Notícias.